Cecilia Barroso

Trovão Tropical

In ben stiller, brandon soo hoo, brandon t jackson, jack black, jay baruchel, matthew mcconaughey, nick nolte, robert downey jr, steve coogan, tom cruise on 17 de fevereiro de 2009 at 08:57

(Tropic Thunder, EUA/ALE, 2008)

Comédia

Direção: enen Stiller

Elenco: Ben Stiller, Jack Black, Robert Downey Jr., Nick Nolte, Steve Coogan, Jay Baruchel, Brandon T. Jackson, Tom Cruise, Matthew MvConaughey, Brandon Soo Hoo

Roteiro: Ben Stiller, Justin Theroux, Etan Cohen

Duração: 107 min.

Minha nota: 8/10

Os filmes de Ben Stiller sempre são as mesmas coisas. A não ser por poucas e inexpressivas mudanças, os papéis do comediante novaiorquino sempre são de pessoas idiotas e perdedoras que têm como único objetivo de existência fazer rir a quem com elas interage. Essa constância dos filmes acaba cansando, como bem lembrou minha amiga e futura colaboradora Vanessa, mesmo que entre eles existam bons exemplares como Entrando Numa Fria e Uma Noite no Museu.

É justamente por essa repetição que há muito tempo não vejo um filme de Stiller no cinema e a última excessão foi feita para Uma Noite no Museu e só por causa do Rodrigo. Uma pena pois Trovão Tropical é tão bom que merecia uma sala escura.

O filme conta a história de uma megaprodução sobre a guerra do Vietnã que não consegue ser terminada por causa do estrelismo de seus atores. Kirk Lazarus é um australiano bonachão e bom ator que já foi indicado ao Oscar várias vezes; Tugg Speedman se acha, mas só conseguiu fazer sucesso em produções de ação e depois estrelou um fracasso após o outro; Jeff Portnoy é astro de comédias escatológicas e tem sérios problemas com drogas; Alpa Chino é um cantor de hip hop mulherengo e conhecido e Kevin Sandusky é um aspirante a ator que admira todos os seus companheiros.

Só as histórias destes quatro já seriam diversão bastante, mas toda a história, recheada de referências a filmes que fizeram história, os outros personagens e muitas das falas tornam a aventura ainda mais divertida. Claro que uma vez ou outra a coisa fica um pouco repetitiva e não é tão boa assim, mas são poucas as vezes.

O maior trunfo do filme é, sem dúvida, o elenco. Até Stiller, em um papel igual, rende muito mais do que o esperado; Robert Downey Jr. dá um show como o ator australiano até em momentos que não precisa dizer nada; Jack Black, mais escrachado do que nunca, faz tudo parecer tão natural que também se destaca; Nick Nolte como o veterano consultor e roteirista do filme está melhor do que em muitos dos últimos filmes.

A atuação de Tom Cruise também merece ser citada já que ele está melhor do que em qualquer uma dessas produções sérias de ultimamente. Aliás, começo a achar que o lugar dele é mesmo em filmes de ação e de comédia.

Depois das atuações, não podemos deixar de notar o roteiro. Apesar de todo mundo sempre querer fazer filmes metalingüísticos (a maioria dos primeiros trabalhos de cineastas, antes deles se tornarem conhecidos, são filmes dentro de filmes) são poucos os que conseguem um bom resultado. Não é o caso de Trovão Tropical. Talvez a mãozinha de Etan Cohen, desta vez sem o irmão, tenha sido fundamental para o sucesso.

Complementando tudo isso, a trilha sonora de filme de guerra com clássicos do rock dos anos 60-70 e uma competência muito grande ao reconstruir cenas tão marcantes de filmes do gênero.

Imperdível! Perfeito para quem quer dar boas gargalhadas.

Quem assistiu Platoon, Apocalypse Now, A Ponte do Rio Kwai, Fugindo do Inferno, O Resgate do Soldado Ryan e O Franco Atirador vai gostar mais ainda do que vai ver.

Um Grande Momento

A ponte.



Prêmios e indicações
(as categorias premiadas estão em negrito)

Oscar: Ator Coadjuvante (Robert Downey Jr.)

BAFTA: Ator Coadjuvante (Robert Downey Jr.)

Globo de Ouro: Ator Coadjuvante (Robert Downey Jr.), Ator Coadjuvante (Tom Cruise)

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Irina Palm

In corey burke, dorka gryllus, jenny agutter, kevin bishop, marianne faithfull, miki manojlovic, sam garbarski, siobhan hewlett on 17 de fevereiro de 2009 at 08:50

(Irina Palm, BEL/LUX/GBR/ALE/FRA, 2007)

Drama

Direção: Sam Garbarski

Elenco: Marianne Faithfull, Miki Manojlovic, Kevin Bishop, Siobhan Hewlett, Dorka Gryllus, Jenny Agutter, Corey Burke, Meg Wynn Owen

Roteiro: Martin Herron, Philippe Blasband, Sam Garbarski

Duração: 103 min.

Minha nota: 7/10

Ela podia estar matando, ela podia estar roubando, ela podia estar plantando maconha, mas não… Ela só está masturbando quem quer ser masturbado! A piadinha segue a mesma trilha do último drama com toques de comédia do diretor alemão Sam Garbarski, de O Tango de Rashevski.

Irina Palm é na verdade Maggie, uma viúva que tenta ajudar seu neto doente levantando a quantia necessária para pagar o seu tratamento em outro país. Sem conseguir um empréstimo e um emprego ele acaba preenchendo uma das vagas de um puteiro de Londres.

A história contada fala, na verdade, sobre até que ponto somos capazes de ir por amor e o que não consegue ser compreendido por muitos. Com um começo bem meloso e dramático não temos idéia de como iremos rir e torcer pela mudança da vida de Maggie, interpretada pela excelente Marianne Faithfull, cantora e atriz.

Miki Manojlovic e Siobhan Hewlett, como o dono do clube noturno e a nora que não se dá bem com a protagonista, com suas boas atuações, também são responsáveis por pontos altos do filme.

O bom roteiro sabe como pontuar o drama com momentos discontraídos, que ora são engraçados, ora são apaixonantes. A direção de arte é bem competente ao compor os ambientes, principalmente os do submundo.

Apesar de todas as qualidades o filme peca pela escolha de uma trilha sonora pouco expressiva e, por vezes, tão disconexa que chega a incomodar.

Uma boa experiência e que, apesar de deixar aquela impressão de podia ter sido melhor, vale a pena pois, não há como não se apaixonar por Maggie e sua Irina Palm.

Um Grande Momento

Contando às amigas do bridge.



Prêmios e indicações
(as categorias premiadas estão em negrito)

Berlim: Urso de Ouro, Júri de Leitores do Berliner Morgenpost

Festival Internacional de São Paulo: Júri Internacional

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O Lutador

In darren aronofsky, ernest miller, evan rachel wood, judah friedlander, marisa tomei, mark margolis, mickey rourke, todd barry, wass stevens on 17 de fevereiro de 2009 at 08:43

(The Wrestler, EUA, 2008)

Drama

Direção: Darren Aronofsky

Elenco: Mickey Rourke, Marisa Tomei, Evan Rachel Wood, Mark Margolis, Todd Barry, Wass Stevens, Judah Friedlander, Ernest Miller

Roteiro: Robert D. Siegel

Duração: 115 min.

Minha nota: 8/10

Ao entrar em um filme de Aronofsky tenho uma certeza: vou sair abalada com o que vou ver. Tirando o último longa do diretor, o perdido A Fonte da Vida, a previsão sempre se cumpre. Com o Lutador não foi diferente. O que eu não esperava era chorar copiosamente como chorei.

Na tela a história do decadente Randy “The Ram” Robinson, um lutador de luta-livre que, já sem condições físicas, vive dividido entre a impossível busca das promessas e dos sonhos de seu passado e uma tentativa de resgatar algum sentimento em uma vida que não chegou a ser construída fora dos ringues.

O filme é arrebatador. Com uma simplicidade e crueza impressionantes consegue devastar a mente daqueles que o assistem. Cada um a sua maneira sofre e se emociona com as tentativas, acertos e erros de um personagem que cativa desde o primeiro momento na tela, quando ainda nem mostra o seu rosto.

Notar os desmazelos tão comuns da vida cotidiana acentuados em alguém que não tem mais o que esperar da vida é terrível.

Além do excelente roteiro e de uma direção primorosa, muito do filme está na figura de seu protagonista vivido por Mickey Rourke, um homem que assim como The Ram viveu a vida sempre no limite, abusou de seu corpo e hoje é o resultado de cada escolha errada que fez. Não que isso facilite o trabalho do ator, como têm dito por aí. Pelo contrário. É muito mais fácil se despir de sua realidade e criar uma outra pessoa do que usar detalhes de sua vida para compor alguém já tão sem esperanças.

E dizer que não há criação no trabalho do ator que foi sucesso na década de 80 (assim como The Ram) também é injusto. Rourke usa, como poucos atores conseguem fazer, uma sensibilidade extrema para construir seu lutador.

Ao seu lado ele conta com boas atuações de Marisa Tomei, a stripper por quem é apaixonado, e Evan Rachel Wood, sua filha. Enquanto a primeira constrói uma mulher frustrada por viver de mostrar seu corpo em um lugar nojento, a segunda demonstra com eficiência a dor de um abandono.

A trilha sonora, toda composta por músicas dos anos 80, a abertura do filme e vários elementos de cena são perfeitos para demonstrar o quão presa ao passado está aquela história de vida e tudo funciona corretamente.

Todo o conjunto da obra fala muito alto ao espectador e Aronofsky sabe como manipular cada uma das seqüências para que aquela experiência, mesmo que dura, seja vivida pelo público.

Um daqueles filmes que merecem ser assistidos mas, de preferência, quando o astral estiver bom pois a trama é totalmente não indicada para pessoas em depressão.

Um Grande Momento

O final.



Prêmios e indicações
(as categorias premiadas estão em negrito)

Oscar: Ator (Mickey Rourke), Atriz Coadjuvante (Marisa Tomei)

BAFTA: Ator (Mickey Rourke), Atriz Coadjuvante (Marisa Tomei)

Globo de Ouro: Ator (Mickey Rourke), Atriz Coadjuvante (Marisa Tomei), Canção: The Wrestler, de Bruce Springsteen

Festival de Veneza: Leão de Ouro

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